Ontem pude ver na GNT um documentário sobre o 11.09.2001, que, além da tragédia em si, falava sobre um grupamento do Corpo de Bombeiros de Nova York que trabalhou durante a tragédia. Eles estavam gravando um documentário sobre um novato, chamado Tony, que tinha acabado de sair da academia e tava sendo treinado lá pra virar bombeiro. Eles iam fazer esse documentário pra mostrar como um novato se tornaria bombeiro em nove meses. Naquele dia, Tony virou bombeiro em nove horas. Não me lembro o nome desse grupamento, mas eles foram os primeiros bombeiros a chegar no local e os últimos a saírem. Entraram nos prédios e ajudaram a salvar muitas vidas. O primeiro turno deles, nesse dia, durou 24 horas ininterruptas de trabalho. No desabamento das torres, 343 bombeiros perderam a vida tentando salvar outras pessoas. Esse grupamento foi o único que não perdeu um soldado sequer. A poeira que subiu com o desabamento dos prédios deu pra ser vista do espaço, e a única coisa que eles tinham pra se proteger de toda aquela poeira era uma máscara de papel. Os que não morreram no dia, estão com a saúde comprometida em face da inalação daquela poeira. Uns já morreram por problemas pulmonares causados pelo 11.09, outros estão com graves doenças e outros se recusam a fazer exames, com medo do diagnóstico. O que me deixou impressionado foram os depoimentos dos bombeiros desse grupamento que todos se salvaram. Todos eles, sem exceção, se achavam menos dignos, se achavam piores bombeiros, do que os que morreram lá naquele dia. Se sentem culpados por isso a ponto de dizer que preferiam ter morrido lá com alguns companheiros do que carregar essa culpa até hoje. Isso é loucura. A loucura que só uma tragédia como aquela pode provocar. O capitão daquele grupamento disse que até hoje, toda noite quando ele deita a cabeça no travesseiro pra dormir, é 11 de setembro de 2001. Que sempre que ele recebe uma chamada de uma suspeita de ataque terrorista, pra ele, é 11 de setembro de 2001. E que sonha com aqueles rostos todas as noites. Não deve ser diferente pra todos os demais. Alguns acontecimentos marcam a vida de todo o planeta, e se marcou a dos que não tiveram nenhuma participação, de qualquer forma que seja, com aquilo lá, imagine pra quem trabalhou lá naqueles dias. Alguém faz idéia do que é a repercussão daquela tragédia na cabeça desses caras? Eu, que estava a milhares de quilometros de distância, me lembro perfeitamente de tudo o que eu tava fazendo, como se fosse ontem. O novato Tony disse que sua maior frustração foi não ter conseguido tirar nenhum corpo daqueles escombros, pra pelo menos uma família poder dar um enterro decente ao ente morto no desabamento. Pois é, em 11 de setembro de 2001, não apareceu Superman, nem Batman, nem Homem-Aranha, nem nenhum outro desses aí. Nesse dia, os heróis americanos não tinham nenhum super-poder, não tinham nenhuma super-arma, mas tinham muita coragem e usavam um sobre-tudo preto, capacete, uma máscara de papel no rosto, uma lanterna na mão, e atendiam pelo nome de Adam, Carl, Tony, Richard, Patt, Brandon, Paul, etc... Depois desse documentário de ontem, passei a dar muito mais valor a profissão de bombeiro, da qual eu raramente lembrava que existia. Querem saber o que aconteceu com o novato Tony? Ele hoje é o melhor bombeiro do Grupo Anti-terrorismo do Corpo de Bombeiros de Nova York.
terça-feira, setembro 12, 2006
Verdadeiros heróis
Ontem pude ver na GNT um documentário sobre o 11.09.2001, que, além da tragédia em si, falava sobre um grupamento do Corpo de Bombeiros de Nova York que trabalhou durante a tragédia. Eles estavam gravando um documentário sobre um novato, chamado Tony, que tinha acabado de sair da academia e tava sendo treinado lá pra virar bombeiro. Eles iam fazer esse documentário pra mostrar como um novato se tornaria bombeiro em nove meses. Naquele dia, Tony virou bombeiro em nove horas. Não me lembro o nome desse grupamento, mas eles foram os primeiros bombeiros a chegar no local e os últimos a saírem. Entraram nos prédios e ajudaram a salvar muitas vidas. O primeiro turno deles, nesse dia, durou 24 horas ininterruptas de trabalho. No desabamento das torres, 343 bombeiros perderam a vida tentando salvar outras pessoas. Esse grupamento foi o único que não perdeu um soldado sequer. A poeira que subiu com o desabamento dos prédios deu pra ser vista do espaço, e a única coisa que eles tinham pra se proteger de toda aquela poeira era uma máscara de papel. Os que não morreram no dia, estão com a saúde comprometida em face da inalação daquela poeira. Uns já morreram por problemas pulmonares causados pelo 11.09, outros estão com graves doenças e outros se recusam a fazer exames, com medo do diagnóstico. O que me deixou impressionado foram os depoimentos dos bombeiros desse grupamento que todos se salvaram. Todos eles, sem exceção, se achavam menos dignos, se achavam piores bombeiros, do que os que morreram lá naquele dia. Se sentem culpados por isso a ponto de dizer que preferiam ter morrido lá com alguns companheiros do que carregar essa culpa até hoje. Isso é loucura. A loucura que só uma tragédia como aquela pode provocar. O capitão daquele grupamento disse que até hoje, toda noite quando ele deita a cabeça no travesseiro pra dormir, é 11 de setembro de 2001. Que sempre que ele recebe uma chamada de uma suspeita de ataque terrorista, pra ele, é 11 de setembro de 2001. E que sonha com aqueles rostos todas as noites. Não deve ser diferente pra todos os demais. Alguns acontecimentos marcam a vida de todo o planeta, e se marcou a dos que não tiveram nenhuma participação, de qualquer forma que seja, com aquilo lá, imagine pra quem trabalhou lá naqueles dias. Alguém faz idéia do que é a repercussão daquela tragédia na cabeça desses caras? Eu, que estava a milhares de quilometros de distância, me lembro perfeitamente de tudo o que eu tava fazendo, como se fosse ontem. O novato Tony disse que sua maior frustração foi não ter conseguido tirar nenhum corpo daqueles escombros, pra pelo menos uma família poder dar um enterro decente ao ente morto no desabamento. Pois é, em 11 de setembro de 2001, não apareceu Superman, nem Batman, nem Homem-Aranha, nem nenhum outro desses aí. Nesse dia, os heróis americanos não tinham nenhum super-poder, não tinham nenhuma super-arma, mas tinham muita coragem e usavam um sobre-tudo preto, capacete, uma máscara de papel no rosto, uma lanterna na mão, e atendiam pelo nome de Adam, Carl, Tony, Richard, Patt, Brandon, Paul, etc... Depois desse documentário de ontem, passei a dar muito mais valor a profissão de bombeiro, da qual eu raramente lembrava que existia. Querem saber o que aconteceu com o novato Tony? Ele hoje é o melhor bombeiro do Grupo Anti-terrorismo do Corpo de Bombeiros de Nova York.
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